quarta-feira, setembro 22, 2004

SIDA: 42 000 infectados

Origem do documento: Guine-Bissau.com 21 Set 2004
por Sabino Santos Lopes

O Fórum Nacional de Luta Contra o Sindroma de Imunodeficiência Adquirida (Sida), arrancou no dia 21 de Setembro e para um período de dois dias. Na cerimónia de abertura presidida pelo Presidente da ANP em substituição do Presidente da República, a ministra da Saúde apresentou dados extremamente dramáticos sobre a propagação do Sida/VIH na Guiné-Bissau.

Os dados de Odete Semedo revelam que na Guiné-Bissau, (mantendo actual situação até 2005) haverá mais de 53 mil casos de infecções pelo VIH que poderiam ter sido evitados. Assim, estaríamos perante 5.800 óbitos e 6.100 crianças órfãos devido ao Sida.

“Sida é um entrave, sem precedente ao desenvolvimento humano. Por isso, exige uma acção e um engajamento sustentável ao longo termo”, sublinhou Odete Semedo.
Segundo ela, apesar dos esforços mundiais que estão sendo feitos, a infecção continua o seu curso natural. Somente em 2003, foram estimados cerca de 3 milhões de novas infecções na África Sub-sahariana.

“Na Guiné-Bissau, o Sida está a tornar-se, cada vez mais, no maior problema de saúde pública. Informações disponíveis sobre a tendência da infecção pelo VIH, em cada 100 grávidas que chegam aos centros de saúde para a consulta pré-natal, 6 delas estão infectadas. Isto significa que das cerca de 60 mil grávidas esperadas para este ano 2004 em todas o país 3.600 delas estariam infectadas”, revelou.

Conforme ela, estima-se que mais de 42 mil guineenses com mais de 15 anos entre homens e mulheres estariam actualmente a viver com vírus de VIH/Sida.
“A preocupação suprema do Ministério da Saúde em relação a este assunto prende-se com a mudança do perfil epidemiológico da infecção. O VIH1, que até ao início dos anos 90 não existia no país, multiplicou-se por 40 nos últimos 13 anos, estando actualmente em 4%.

Dados revelam que este vírus está a infectar sobretudo a população e/ou grávidas com mais jovens com menos de 25 anos de idade. “Isso significa que cerca de 30% das crianças que vão nascer das mães infectadas por este vírus estarão infectadas quer durante a gravidez quer no parto ou na amamentação e por isso se morrerão antes dos 5 anos de idade”, confirmou a ministra.

Não obstante a esses dados que a ministra qualifica de dramáticos, refere ainda que mais de 190 mil guineenses com idade superior a 15 anos continuam a viver em constante risco de poder contrair a infecção.

Para se evitar a doença, o uso do preservativo devia ser um dos principais meios de prevenção. Nesse particular o comportamento dos guineenses não é moralizador. A ministra revela que em 2003 inquérito mostra que 63% dos guineenses não utilizam o preservativo nas relações sexuais. Dentre esse número, 33% disseram que não gostam do preservativo, por isso não o utilizam apesar de reconhecerem que existe o risco de contaminação.

No que concerne a utilização de anti-retro virais, Odete Semedo garante que o seu pelou está a envidar esforços necessários junto de diversos parceiros no sentido de garantir a segurança transfusional. “Disponibilizar, a custo zero para doentes, o tratamento de anti-retro virais e criar condições mínimas de tratamento a doenças oportunistas.

Como disse, a epidemia do Sida precisa de uma resposta baseada na criatividade, enérgica e vigilante - e a família deve constituir o primeiro meio privilegiado para abordagem do Sida/VIH. “A luta contra o Sida não constitui nem deverá ser entendida como uma acto de caridade, é uma questão dos Direitos Humanos”, concluiu.

Sérgio Guimarães representante do Unicef é da opinião que o país não pode continuar a viver nesta situação com essa doença, se cerca de 42% das mulheres com idade compreendida de 15 a 49 anos nunca ouviram falar do Sida/VIH. Ou ainda com 72% das mulheres e 44% dos homens continuarem de desconhecer os riscos de transmissão do Sida por via sexual.. “Além disso, segundo o Inquérito dos Indicadores Múltiplos (MICS) de 2000 apenas 12% das mulheres conheciam os três métodos para prevenir o VIH e apenas 16,9% sabiam onde fazer teste.

“Precisamos de saber quantas pessoas estão infectadas por essa doença na Guiné-Bissau; onde estão localizadas e o que podemos fazer por elas. Quando refiro a pessoas afectadas, refiro aos doentes, a pessoas em risco, bem como as crianças órfãos por causa do Sida; e aos indivíduos que ficaram com a responsabilidade moral e económica de cuidar sozinhos de núcleos familiares”, acentuou Guimarães.

O representante do Unicef disse que, o conhecimento de factos e riscos do Sida, não tem por objectivo 2sdemear o pânico no seio da população, mas sim levar as pessoas a prevenirem-se e a lutarem contra um mal real e mortal. “Se nos calarmos agora, o silêncio nos calará no futuro. Temos que mobilizarmos todos e lutar sem mais demoras por uma geração guineense sem Sida”, exortou.
Fuente: guine-bissau.com





<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?