sábado, setembro 25, 2004

Presidente refugiou-se na embaixada de Portugal

Origem do documento: A Notícia, 08 Mai 1999

Lisboa - Militares rebeldes derrubaram ontem o governo do presidente da Guiné-Bissau, João Bernardo Nino Vieira, depois de menos de 24 horas de sangrentos combates que interromperam uma trégua de seis meses. Segundo a agência portuguesa Lusa, os confrontos deixaram pelo menos 100 mortos, incluindo 50 civis que se haviam refugiado numa missão católica atingida por uma bomba em Bissau, a capital dessa ex-colônia portuguesa na África ocidental. Nino Vieira refugiou-se na embaixada de Portugal em Bissau e, segundo funcionários portugueses, deve pedir asilo ao país.

"A situação está sob controle, a junta militar controla a cidade", afirmou o porta-voz rebelde Zamora Induta à Rádio e Televisão Portuguesa (RTP), usando o título que os amotinados, liderados por Ansumane Mané, deram a si mesmos ao lançar sua rebelião, quase um ano atrás.

Zamora garantiu que os golpistas (que já tinham o controle do interior do país) não têm ambições políticas, estão comprometidos com a democracia e realizarão eleições. "Nossa posição permanece a mesma: nosso lugar é nos quartéis." Segundo ele, um governo civil de transição, estabelecido sob o acordo de paz de novembro, poderá dirigir o país até às eleições, previstas pelo pacto para novembro.

Ataque

Segundo funcionários em Lisboa, os rebeldes romperam a trégua lançando, na noite de quinta-feira, um ataque contra a guarda presidencial de 600 homens, acusada de negar-se a desarmar-se, como estipulado no acordo de paz. Poucas horas depois, as tropas leais ao presidente anunciaram a rendição.

"Levando em conta a deterioração da situação, os interesses do país e o fato de que já foram sacrificadas muitas vidas, os chefes do Estado-Maior das Forças Armadas declaram sua rendição", afirmou o comandante do Exército, Humberto Gomes.

População comemora nas ruas

A queda de Nino Vieira, que governava o país desde 1980, quando tomou o poder com um golpe, foi celebrada nas ruas pela população. O presidente deposto e sua mulher fugiram inicialmente para o Centro Cultural Francês, mas o edifício logo foi cercado por tropas rebeldes e por uma multidão furiosa.

"Para impedir um banho de sangue ainda maior, nosso embaixador foi de carro até o centro cultural e levou o presidente e sua esposa até nossa embaixada, onde eles estão a salvo", afirmou um porta-voz do Ministério da Defesa de Portugal. Vinte funcionários franceses do centro também se refugiaram na embaixada portuguesa. Pouco depois, o centro, assim como o palácio presidencial, foram incendiados.

Em várias regiões de Bissau houve violentos combates entre as forças leais ao presidente Vieira e os militares rebeldes. Alguns militares fiéis ao deposto presidente conseguiram sair de Bissau por mar a partir do porto de Pidjiquiti, enquanto muitos outros foram feitos prisioneiros pelos rebeldes, acrescenta a Lusa.

Em Nova Iorque, O secretário geral das Nações Unidas, Kofi Annan, demonstrou decepção com a retomada dos combates na Guiné-Bissau por rebeldes armados, que derrubaram o presidente João Bernardo Vieira. O comunicado de Annan sobre o assunto foi divulgado pelo porta-voz Fred Eckhard.



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