sábado, setembro 25, 2004

Conta secreta

Origem do documento: panapress, 05 Jul 2004

Bissau, Guiné-Bisssau (PANA) - O falecido general bissau-guineense Ansumane Mané, então líder da Junta Militar que derrubou o Presidente "Nino" Vieira em 1999, terá depositado numa conta secreta na Côte d'Ivoire 18 milhões de dólares americanos, revelou uma edição recente do jornal privado "Diário de Bissau".

Segundo o diário do jornalista João de Barros, que se baseia em alegados factos investigados pela revista francesa "La Lettre de Continent", a conta secreta de Ansumane Mané teria sido aberta a 14 de Setembro de 2000, poucos meses antes da morte do general, em Novembro do mesmo ano.

Mané liderou a Junta Militar que, de Junho de 1998 a Maio de 1999, combateu contra o regime de João Bernardo "Nino" Vieira que se viu obrigado a render-se para se exilar no norte de Portugal onde se encontra desde Junho de 1999.

Porém, Ansumane Mané viria a ser morto a 30 de Novembro de 2000, em circunstâncias que continuam por esclarecer, às mãos das tropas do governo de Kumba Ialá, na altura Presidente guineense com quem entrara em rota de colisão dias antes.

Ainda com base nos relatos da revista La Lettre de Continent, o jornal guineense afirma que este periódico francês teria posto nas pistas da investigação dessa conta de Ansumane Mané o jornalista franco-canadiano Guy André Kieffer, hoje dado como desaparecido em Abidjan.

Segundo o Diário de Bissau, a conta secreta de Mané foi aberta numa dependência do Citybank na capital ivoiriense, com o número 6539, tendo, até 10 de Outubro de 2003, rendido 228.796 dólares de juros.

Da totalidade do dinheiro depositado pelo falecido general guineense, o jornal afirma que o governo da Côte d'Ivoire teria retirado este ano uma soma de 1,500 bilião de francos CFA (cerca de 2,3 milhões de euros), que teriam sido canalizados para o pagamento de alguns meses de salários em atraso aos funcionários públicos da Guiné-Bissau.

A decisão do governo ivoiriense teria sido tomada durante a última cimeira de chefes de Estado da União Económica e Monetária Oeste-Africana (UEMOA), realizada a 10 de Janeiro passado em Niamey, Níger, indica o mesmo jornal Diário.

Sempre citando a versão da revista francesa La Lettre de Continent, o jornal guineense afirma que o jornalista Guy André Kieffer foi "raptado" quando investigava as movimentações de somas no Citybank, envolvendo Ansumane Mané, as novas autoridades da Guiné- Bissau e o governo ivoiriense.

Contudo, o jornal guineense não esclarece qual o momento e em que circunstâncias se deu esta ocorrência com o jornalista franco-canadiano.

O Diário de Bissau disse apenas que o "caso da conta secreta de Ansumane Mané foi remetido ao silêncio" durante todo este tempo em Bissau, embora altos dirigentes políticos e militares estivessem ao corrente porque, adianta o jornal, "alguns eram beneficiários directos" desse dinheiro.

O jornal de João de Barros faz alusão aos rumores que circulam em Bissau dando conta de que Ansumane Mané estava na posse de uma mala com "avultada soma em dinheiro" quando foi declarado como estando a monte, poucos dias antes da sua morte.

O Diário de Bissau lembra ainda que, na altura, Mané, alegadamente já em fuga, teria um suposto colaborador a quem teria confiado a guarda dessa mala, da qual ninguém ouviu falar quando foi anunciada a morte do general.

O jornal admite, porém, que o dinheiro em questão teria sido parte de variados apoios que Ansumane Mané recebeu em vida vindos do governo líbio, com o qual mantinha um excelente relacionamento.

Da parte das actuais autoridades guineenses, civis e militares, não são conhecidas até agora nenhumas reacções.



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