segunda-feira, setembro 13, 2004
Batalhão de Caçadores Pára-quedistas nº12
Origem do documento: Os Boinas Verdes
Nota: Os textos desta página foram elaborados com base no trabalho
Tropas Pára-quedistas Portuguesas de Miguel Machado e Sucena Carmo,
publicado na revista Boina Verde nº158 de Jul/Set91, e no.
Volume IV da História da Tropas Pára-quedistas Portuguesas
da autoria do Cor SGPQ Luís A. Martinho Grão.
Antecedentes
A primeira presença das Tropas Pára-quedistas na Guiné remonta já ao ano de 1959. Na sequência de incidentes registados no porto de Bissau no inicio de Agosto de 1959, um Pelotão de Pára-quedistas comandado pelo Alferes Jerónimo Gonçalves foi colocado em Bissau onde permaneceu até 20 de Agosto, cumprindo a primeira missão de intervenção armada das Tropas Pára-quedistas Portuguesas em África.
Com o agravar da situação na Guiné a partir de 1963, um despacho do Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, de 20Jun63, determina a colocação de um Pelotão de Pára-quedistas em Bissau com a missão fundamental de defesa imediata do Aeródromo-Base nº2 (AB2). O Pelotão chega a Bissau a 3 de Julho e conjuntamente com forças da Policia Aérea constitui o Destacamento de Defesa Imediata do AB2. A 3 de Dezembro o Destacamento é reforçado com uma Equipa de Cães de Guerra e a 20 de Janeiro de 1964 recebe um segundo Pelotão de Pára-quedistas.
Em complemento da sua missão principal os Pára-quedistas efectuaram operações contra a guerrilha no interior do território. A 7 de Fevereiro de 1964, durante uma operação realizada na mata de Cachide as Tropas Pára-quedistas sofreram o seu primeiro morto no Teatro de Operações da Guiné - Soldado Pára-quedista Rosa Neto.
Em 1964 a situação continuou a agravar-se e a 14 de Outubro um terceiro Pelotão segue para a Guiné sendo constituida uma Companhia de Pára-quedistas a qual passa a constituir uma reserva do Comandante-Chefe das Forças Armadas na Guiné (CCFAG). Englobando a Companhia, o Destacamento passa a Esquadra de Defesa Mista (EDM) sob o comando do Capitão Pára-quedista Tinoco de Faria, que viria a ser morto a 28 de Abril de 1966 durante a Operação GRIFO realizada no corredor do Guileje.
Em Maio de 1965 o AB2 passa a designar-se Base Aérea nº12 no entanto a estrutura da EDM iria manter-se até 14 de Dezembro de 1966 data da chegada dos efectivos pára-quedista que conjuntamente com a Companhia existente irão constituir o BCP 12.
O Batalhão de Caçadores Pára-quedistas nº12 foi criado pela Portaria nº 22260, de 20 de Outubro de 1966, na dependência da Zona Aérea de Cabo Verde e Guiné e com sede em Bissau.
Generalidades
O batalhão ficou aquartelado em edificios pré-fabricados existentes no extremo da Base Aérea. Inicialmente era constituido por duas Companhias de Caçadores Pára-quedistas (CCP 121 e CCP 122) e pela Companhia de Pessoal. Foram igualmente organizados os serviços fundamentais ao funcionamento da unidade, tais como a Secção de Subsistências, a Secretaria do Comando, a Secção de Operações e de Informações e a Secção de Justiça. O batalhão estava no entanto dependente de alguns apoios da BA 12, como o serviço de saúde, oficinas auto e conselho administrativo.
As instalações iriam sendo melhoradas no intervalo da intensa actividade operacional do batalhão. No inicio de 1968 foram concluídas novas cozinhas, refeitórios e clubes para oficiais, sargentos e praças. O melhoramento iria continuar nos anos seguintes com a construção de oficinas auto, alojamentos para oficiais e para sargentos, edificio de comando, porta de armas, arruamentos etc. A maioria destas obras foi concluída em 1971. As instalações pré-fabricadas cedidas pela BA 12 transformaram-se assim num aquartelamento com instalações condignas e funcionais.
Em termos orgânicos o batalhão também foi sofrendo algumas alterações. Em Julho de 1968 a Companhia de Pessoal passou a designar-se Companhia de Material e Infra-estruturas (CMI) englobando os vários serviços de apoio logistico e administrativo do batalhão e também o Destacamento de Precursores e Ligação Aeroterrestre. A denominação da companhia viria de novo a ser alterada em Janeiro de 1974 desta vez para Companhia de Comando e Serviços.
Ac companhias de caçadores pára-quedistas manteriam a sua designação e orgânica até à sua extinção. De 30 de Junho a 15 de Outubro de 1969, o BCP 12 foi reforçado com mais uma Companhia, designada CCP 123, comandada pelo Capitão Loureiro Costa.
Em Julho de 1970, o batalhão é de novo reforçado com uma companhia, desta vez a título definitivo. Tal como a anterior tomaria a designação de CCP 123.
A Acção desenvolvida pelos militares do BCP 12 em todos os sectores das suas múltiplas actividades, em particular no campo operacional, mereceu honrosos louvores e elevadas condecorações individuais. No dia 11 de Abril de 1968, em cerimónia realizada na parada da Unidade, o Brigadeiro Arnaldo Schultz, Governador e Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, por delegação do Presidente da República, condecorou o Estandarte Nacional do BCP 12 com a Medalha da Cruz de Guerra de 1ªClasse, - o BCP 12 tornava-se assim a primeira unidade das Tropas Pára-quedistas condecorada por feitos em combate.
Em 1969, a 11 de Abril, o BCP 12 comemorou pela primeira vez o seu Dia da Unidade. A escolha do dia comemorava a data em que o Estandarte da Unidade tinha sido condecorado.
Durante as cerimónias do Dia da Unidade, em 1972, é entregue ao Batalhão e a todas as suas subunidades, os respectivos Guiões Heráldicos. O Guião do BCP 12 ostenta a Medalha da Cruz de Guerra e o lema "UNIDADE E LUTA" que curiosamente é também o dos guerrilheiros do PAIGC, que o batalhão defronta.
Comandantes do BCP 12
- TenCor PQ Sigfredo Ventura da Costa Campos (14Dez66 a 03Jun68)
- TenCor PQ Fausto Pereira Marques (04Jun68 a 05Dez69)
- TenCor PQ Horácio Cerveira Alves de Oliveira (06Dez69 a 13Dez71)
- TenCor PQ Sílvio Jorge Rendeiro de Araújo e Sá (14Dez71 a 20Jan74)
- TenCor PQ António João Chumbito dos Anjos Ruivinho (21Jan74 a 22Mai74)
- Maj PQ Joaquim Manuel Trigo Mira Mensurado (Cmdt Interino 23Mai a 31Ago74)
- Maj PQ José Maria Raposo Resendes (Cmdt Interino 01Set a 12Out74)
Actividade Operacional
Nos primeiros anos os Pára-quedistas foram empregues fundamentalmente em operações independentes no âmbito da Força Aérea, a qual tinha meios próprios de reconhecimento, ataque ao solo e transporte das suas forças Pára-quedistas.
Os grupos de combate eram normalmente empregues em operações que exigiam grande mobilidade e rapidez de actuação. Quando um grupo de guerrilheiros era detectado ou actuava contra aquartelamentos das unidades do Exército, as forças Pára-quedistas eram colocadas no terreno, através de helicópteros, ou noutros casos, dada a geografia própria da Guiné, através de lanchas da Armada. As forças Pára-quedistas eram usadas por períodos de tempo limitado mas de grande empenhamento.
Para além de operações independentes no âmbito da FAP, os Páras participaram também em operações conjuntas com forças do Exército ou da Armada. Destas destaca-se a operação PARAFUZO, efectuada na ilha de Caiar em Março de 1967, com forças dos Destacamentos de Fuzileiros Especiais nº 4 e 7. Da acção resultou a captura de 20 elementos inimigos.
A partir de meados de 1968 e com o General António Spínola como novo Comandante-Chefe na Guiné, o modo de emprego dos Pára-quedistas foi alterado.
As Companhias do BCP passaram a integrar os então criados Comandos Operacionais (COP) com outras forças militares, sob o comando de um oficial superior. Muitas vezes oficiais Pára-quedistas desempenharam essas funções. As forças eram então empenhadas, durante largos períodos, conjuntamente com as Unidades de quadrícula do Exército. As companhias do BCP 12 foram assim muitas vezes atribuídas de reforço às unidades instaladas junto às fronteiras com o Senegal e a Guiné-Conakry.
Foram inúmeras as operações desencadeadas neste período: a operação JUPITER, com 4 períodos no corredor de Guileje, no âmbito do COP 2, a operação TITÃO com o COP 6, a operação AQUILES I, com o CAOP 1, a operação TALIÃO, com o COP 7, entre tantas outras, com bons resultados.
Merece particular destaque a operação JOVE, realizada em Novembro de 1969 com forças das CCP 121 e 122. No dia 18 de Novembro a CCP 122 capturou o Capitão Pedro Rodriguez Peralta, do Exército Cubano, comprovando a ingerência de forças militares estrangeiras na guerra na Guiné.
Apesar das CCP continuarem a ser atribuídas aos COP que se iam activando consoante as necessidades, o Comando do BCP esforçou-se por continuar a levar a cabo algumas operações independentes, actuando como força de intervenção em exploração de informações obtidas e seria neste tipo de operações que se obtiveram alguns dos melhores resultados do Batalhão.
Apesar dos esforços a situação na Guiné continua a degradar-se. A pressão que os guerrilheiros vinham exercendo sobre os aquartelamentos no Sul do território começou a dar resultados. Em Maio de 1973 os guerrilheiros desencadeiam fortes ataques a Guileje obrigando mesmo ao abandono do aquartelamento dos militares do Exército. Nas proximidades, Gadamael Porto fica em posição delicada com flagelações frequentes de armas pesadas. A 2 de Junho as CCP 122 e CCP 123 são enviadas para Gadamael, seguindo-se no dia 13 a CCP 121. O próprio comandante do BCP 12, Tenente-Coronel Araújo e Sá tinha assumido o comando das forças que com a guarnição do Exército constituiram o COP 5. A posição de Gadamael Porto é organizada defensivamente com abrigos, trincheiras e espaldões, simultaneamente são desencadeadas acções ofensivas sobre os guerrilheiros. A resistência e a determinação das Tropas Pára-quedistas acabaram por surtir efeito e o ímpeto inimigo foi quebrado - Gadamael Porto não caiu. A 7 de Julho as CCP 121 e 122 regressam a Bissau e a 17 é a vez da CCP 123, a operação DINOSSAURO PRETO tinha terminado.
Extinção
Na sequência do 25 de Abril de 1974, a actividade operacional do BCP 12 é praticamente suspensa a partir do mês de Maio. Passou a vigorar uma situação mal definida, próxima de um cessar fogo, que era aproveitada pelos guerrilheiros para introduzir efectivos armados no território.
No mês de Agosto de 1974, em resultado do "Acordo de Argel", as Tropas Pára-quedistas começam a regressar a Portugal. Permanecem na Guiné apenas os efectivos necessários à segurança do aquartelamento, o qual é partilhado com tropas do Exército, em trânsito para Portugal. No dia 7 de Setembro de 1974 a Guiné-Bissau torna-se independente.
A 13 de Outubro de 1974, pela última vez a Bandeira Portuguesa desce no mastro de honra do BCP 12, sendo de seguida entregues as instalações a um representante do PAIGC.
O Decreto-Lei nº 765/74, de 12 de Dezembro, determinou a extinção, com data de 15 de Outubro de 1974, o Comando da Zona Aérea de Cabo Verde e Guné e todas as unidades da Força Aérea localizadas na Guiné-Bissau, nas quais se incluia o BCP 12.
A competência e eficiência com que os Pára-quedistas cumpriram na Guiné as missões atribuídas, de 1961 a 1974, foi paga com a morte em combate de 56 pára-quedistas (47 praças, 6 sargentos e 3 oficiais).
Nota: Os textos desta página foram elaborados com base no trabalho
Tropas Pára-quedistas Portuguesas de Miguel Machado e Sucena Carmo,
publicado na revista Boina Verde nº158 de Jul/Set91, e no.
Volume IV da História da Tropas Pára-quedistas Portuguesas
da autoria do Cor SGPQ Luís A. Martinho Grão.
Antecedentes
A primeira presença das Tropas Pára-quedistas na Guiné remonta já ao ano de 1959. Na sequência de incidentes registados no porto de Bissau no inicio de Agosto de 1959, um Pelotão de Pára-quedistas comandado pelo Alferes Jerónimo Gonçalves foi colocado em Bissau onde permaneceu até 20 de Agosto, cumprindo a primeira missão de intervenção armada das Tropas Pára-quedistas Portuguesas em África.
Com o agravar da situação na Guiné a partir de 1963, um despacho do Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, de 20Jun63, determina a colocação de um Pelotão de Pára-quedistas em Bissau com a missão fundamental de defesa imediata do Aeródromo-Base nº2 (AB2). O Pelotão chega a Bissau a 3 de Julho e conjuntamente com forças da Policia Aérea constitui o Destacamento de Defesa Imediata do AB2. A 3 de Dezembro o Destacamento é reforçado com uma Equipa de Cães de Guerra e a 20 de Janeiro de 1964 recebe um segundo Pelotão de Pára-quedistas.
Em complemento da sua missão principal os Pára-quedistas efectuaram operações contra a guerrilha no interior do território. A 7 de Fevereiro de 1964, durante uma operação realizada na mata de Cachide as Tropas Pára-quedistas sofreram o seu primeiro morto no Teatro de Operações da Guiné - Soldado Pára-quedista Rosa Neto.
Em 1964 a situação continuou a agravar-se e a 14 de Outubro um terceiro Pelotão segue para a Guiné sendo constituida uma Companhia de Pára-quedistas a qual passa a constituir uma reserva do Comandante-Chefe das Forças Armadas na Guiné (CCFAG). Englobando a Companhia, o Destacamento passa a Esquadra de Defesa Mista (EDM) sob o comando do Capitão Pára-quedista Tinoco de Faria, que viria a ser morto a 28 de Abril de 1966 durante a Operação GRIFO realizada no corredor do Guileje.
Em Maio de 1965 o AB2 passa a designar-se Base Aérea nº12 no entanto a estrutura da EDM iria manter-se até 14 de Dezembro de 1966 data da chegada dos efectivos pára-quedista que conjuntamente com a Companhia existente irão constituir o BCP 12.
O Batalhão de Caçadores Pára-quedistas nº12 foi criado pela Portaria nº 22260, de 20 de Outubro de 1966, na dependência da Zona Aérea de Cabo Verde e Guiné e com sede em Bissau.
Generalidades
O batalhão ficou aquartelado em edificios pré-fabricados existentes no extremo da Base Aérea. Inicialmente era constituido por duas Companhias de Caçadores Pára-quedistas (CCP 121 e CCP 122) e pela Companhia de Pessoal. Foram igualmente organizados os serviços fundamentais ao funcionamento da unidade, tais como a Secção de Subsistências, a Secretaria do Comando, a Secção de Operações e de Informações e a Secção de Justiça. O batalhão estava no entanto dependente de alguns apoios da BA 12, como o serviço de saúde, oficinas auto e conselho administrativo.
As instalações iriam sendo melhoradas no intervalo da intensa actividade operacional do batalhão. No inicio de 1968 foram concluídas novas cozinhas, refeitórios e clubes para oficiais, sargentos e praças. O melhoramento iria continuar nos anos seguintes com a construção de oficinas auto, alojamentos para oficiais e para sargentos, edificio de comando, porta de armas, arruamentos etc. A maioria destas obras foi concluída em 1971. As instalações pré-fabricadas cedidas pela BA 12 transformaram-se assim num aquartelamento com instalações condignas e funcionais.
Em termos orgânicos o batalhão também foi sofrendo algumas alterações. Em Julho de 1968 a Companhia de Pessoal passou a designar-se Companhia de Material e Infra-estruturas (CMI) englobando os vários serviços de apoio logistico e administrativo do batalhão e também o Destacamento de Precursores e Ligação Aeroterrestre. A denominação da companhia viria de novo a ser alterada em Janeiro de 1974 desta vez para Companhia de Comando e Serviços.
Ac companhias de caçadores pára-quedistas manteriam a sua designação e orgânica até à sua extinção. De 30 de Junho a 15 de Outubro de 1969, o BCP 12 foi reforçado com mais uma Companhia, designada CCP 123, comandada pelo Capitão Loureiro Costa.
Em Julho de 1970, o batalhão é de novo reforçado com uma companhia, desta vez a título definitivo. Tal como a anterior tomaria a designação de CCP 123.
A Acção desenvolvida pelos militares do BCP 12 em todos os sectores das suas múltiplas actividades, em particular no campo operacional, mereceu honrosos louvores e elevadas condecorações individuais. No dia 11 de Abril de 1968, em cerimónia realizada na parada da Unidade, o Brigadeiro Arnaldo Schultz, Governador e Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, por delegação do Presidente da República, condecorou o Estandarte Nacional do BCP 12 com a Medalha da Cruz de Guerra de 1ªClasse, - o BCP 12 tornava-se assim a primeira unidade das Tropas Pára-quedistas condecorada por feitos em combate.
Em 1969, a 11 de Abril, o BCP 12 comemorou pela primeira vez o seu Dia da Unidade. A escolha do dia comemorava a data em que o Estandarte da Unidade tinha sido condecorado.
Durante as cerimónias do Dia da Unidade, em 1972, é entregue ao Batalhão e a todas as suas subunidades, os respectivos Guiões Heráldicos. O Guião do BCP 12 ostenta a Medalha da Cruz de Guerra e o lema "UNIDADE E LUTA" que curiosamente é também o dos guerrilheiros do PAIGC, que o batalhão defronta.
Comandantes do BCP 12
- TenCor PQ Sigfredo Ventura da Costa Campos (14Dez66 a 03Jun68)
- TenCor PQ Fausto Pereira Marques (04Jun68 a 05Dez69)
- TenCor PQ Horácio Cerveira Alves de Oliveira (06Dez69 a 13Dez71)
- TenCor PQ Sílvio Jorge Rendeiro de Araújo e Sá (14Dez71 a 20Jan74)
- TenCor PQ António João Chumbito dos Anjos Ruivinho (21Jan74 a 22Mai74)
- Maj PQ Joaquim Manuel Trigo Mira Mensurado (Cmdt Interino 23Mai a 31Ago74)
- Maj PQ José Maria Raposo Resendes (Cmdt Interino 01Set a 12Out74)
Actividade Operacional
Nos primeiros anos os Pára-quedistas foram empregues fundamentalmente em operações independentes no âmbito da Força Aérea, a qual tinha meios próprios de reconhecimento, ataque ao solo e transporte das suas forças Pára-quedistas.
Os grupos de combate eram normalmente empregues em operações que exigiam grande mobilidade e rapidez de actuação. Quando um grupo de guerrilheiros era detectado ou actuava contra aquartelamentos das unidades do Exército, as forças Pára-quedistas eram colocadas no terreno, através de helicópteros, ou noutros casos, dada a geografia própria da Guiné, através de lanchas da Armada. As forças Pára-quedistas eram usadas por períodos de tempo limitado mas de grande empenhamento.
Para além de operações independentes no âmbito da FAP, os Páras participaram também em operações conjuntas com forças do Exército ou da Armada. Destas destaca-se a operação PARAFUZO, efectuada na ilha de Caiar em Março de 1967, com forças dos Destacamentos de Fuzileiros Especiais nº 4 e 7. Da acção resultou a captura de 20 elementos inimigos.
A partir de meados de 1968 e com o General António Spínola como novo Comandante-Chefe na Guiné, o modo de emprego dos Pára-quedistas foi alterado.
As Companhias do BCP passaram a integrar os então criados Comandos Operacionais (COP) com outras forças militares, sob o comando de um oficial superior. Muitas vezes oficiais Pára-quedistas desempenharam essas funções. As forças eram então empenhadas, durante largos períodos, conjuntamente com as Unidades de quadrícula do Exército. As companhias do BCP 12 foram assim muitas vezes atribuídas de reforço às unidades instaladas junto às fronteiras com o Senegal e a Guiné-Conakry.
Foram inúmeras as operações desencadeadas neste período: a operação JUPITER, com 4 períodos no corredor de Guileje, no âmbito do COP 2, a operação TITÃO com o COP 6, a operação AQUILES I, com o CAOP 1, a operação TALIÃO, com o COP 7, entre tantas outras, com bons resultados.
Merece particular destaque a operação JOVE, realizada em Novembro de 1969 com forças das CCP 121 e 122. No dia 18 de Novembro a CCP 122 capturou o Capitão Pedro Rodriguez Peralta, do Exército Cubano, comprovando a ingerência de forças militares estrangeiras na guerra na Guiné.
Apesar das CCP continuarem a ser atribuídas aos COP que se iam activando consoante as necessidades, o Comando do BCP esforçou-se por continuar a levar a cabo algumas operações independentes, actuando como força de intervenção em exploração de informações obtidas e seria neste tipo de operações que se obtiveram alguns dos melhores resultados do Batalhão.
Apesar dos esforços a situação na Guiné continua a degradar-se. A pressão que os guerrilheiros vinham exercendo sobre os aquartelamentos no Sul do território começou a dar resultados. Em Maio de 1973 os guerrilheiros desencadeiam fortes ataques a Guileje obrigando mesmo ao abandono do aquartelamento dos militares do Exército. Nas proximidades, Gadamael Porto fica em posição delicada com flagelações frequentes de armas pesadas. A 2 de Junho as CCP 122 e CCP 123 são enviadas para Gadamael, seguindo-se no dia 13 a CCP 121. O próprio comandante do BCP 12, Tenente-Coronel Araújo e Sá tinha assumido o comando das forças que com a guarnição do Exército constituiram o COP 5. A posição de Gadamael Porto é organizada defensivamente com abrigos, trincheiras e espaldões, simultaneamente são desencadeadas acções ofensivas sobre os guerrilheiros. A resistência e a determinação das Tropas Pára-quedistas acabaram por surtir efeito e o ímpeto inimigo foi quebrado - Gadamael Porto não caiu. A 7 de Julho as CCP 121 e 122 regressam a Bissau e a 17 é a vez da CCP 123, a operação DINOSSAURO PRETO tinha terminado.
Extinção
Na sequência do 25 de Abril de 1974, a actividade operacional do BCP 12 é praticamente suspensa a partir do mês de Maio. Passou a vigorar uma situação mal definida, próxima de um cessar fogo, que era aproveitada pelos guerrilheiros para introduzir efectivos armados no território.
No mês de Agosto de 1974, em resultado do "Acordo de Argel", as Tropas Pára-quedistas começam a regressar a Portugal. Permanecem na Guiné apenas os efectivos necessários à segurança do aquartelamento, o qual é partilhado com tropas do Exército, em trânsito para Portugal. No dia 7 de Setembro de 1974 a Guiné-Bissau torna-se independente.
A 13 de Outubro de 1974, pela última vez a Bandeira Portuguesa desce no mastro de honra do BCP 12, sendo de seguida entregues as instalações a um representante do PAIGC.
O Decreto-Lei nº 765/74, de 12 de Dezembro, determinou a extinção, com data de 15 de Outubro de 1974, o Comando da Zona Aérea de Cabo Verde e Guné e todas as unidades da Força Aérea localizadas na Guiné-Bissau, nas quais se incluia o BCP 12.
A competência e eficiência com que os Pára-quedistas cumpriram na Guiné as missões atribuídas, de 1961 a 1974, foi paga com a morte em combate de 56 pára-quedistas (47 praças, 6 sargentos e 3 oficiais).