quinta-feira, maio 26, 2005

Fracassou a "cimeira de Bissau"

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 22 Mai 2005

Marcha substituída por comício, Kumba Ialá regressou a Bissau

A marcha que os apoiantes do ex- presidente Kumba Ialá pretendiam efectuar hoje em Bissau foi substituída por um comício, que terminou quando se soube que o antigo chefe de Estado acabava de regressar de Dacar.

Em declarações aos jornalistas, o secretário-geral do Partido da Renovação Social (PRS, o maior partido da oposição) confirmou aos jornalistas que Kumba Ialá foi hoje de manhã a Dacar para uma reunião privada com o presidente senegalês, Abdoulaye Wade, mas não avançou pormenores, indicando que o ex-chefe de Estado está a "descansar" na sua residência.

Os jornalistas deslocaram-se então à residência privada de Kumba Ialá, mas a segurança do ex-presidente, que, há uma semana, se auto- proclamou chefe de Estado, indicou que o também antigo líder do PRS estava a "dormir".

Fonte dos "renovadores" disse, por outro lado, que Kumba Ialá deverá efectuar uma conferência de imprensa segunda-feira de manhã, informação que não foi confirmada pelo secretário-geral do PRS.

Sábado à noite, após o fracasso da cimeira de Bissau - que trouxe à capital guineense três presidentes e um primeiro-ministro de países africanos numa tentativa de mediar a crise política aberta no país -, o líder da União Africana (UA), o também presidente da Nigéria, Olusegun Obasanjo, delegou em Wade a tarefa de tentar convencer Kumba Ialá a desistir de reassumir o cargo de presidente.

Hoje de manhã, Wade disponibilizou um pequeno avião para levar Kumba Ialá a Dacar, na companhia do líder da União Nacional para o Desenvolvimento e Progresso (UNDP), Abubacar Baldé.

Na cimeira, além de Obasanjo e Wade, estiveram presentes o chefe de Estado do Níger, Mamadou Tandja, o primeiro-ministro da Guiné- Conacri, Cellou Diallo, e o secretário-executivo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), o nigeriano Mohamed Ibn Chambas, além do presidente anfitrião, Henrique Rosa.

Entretanto, na sede dos "renovadores" estão reunidas as direcções das quatro forças políticas que integram o "Fórum", para uma concertação política, confirmaram à Lusa os líderes da Resistência da Guiné-Bissau (RGB) e da União Democrática para o Desenvolvimento e Progresso (UNDP), Abubacar Baldé.

Além do PRS, RGB e UNDP, o "Fórum", que promoveu o comício no bairro de Lala Quema, nos subúrbios de Bissau e feudo dos "renovadores", integra também o Partido Democrático Socialista da Salvação Guineense (PDSSG), de Serifo Baldé.

No comício, em que participaram cerca de meio milhar de apoiantes e simpatizantes de Kumba Ialá, discursaram os líderes da RGB e do PDSSG e ainda Artur Sanhá, que apresentaram os argumentos para a manifestação e acusaram o governo de ter "intimidado" o eleitorado guineense ao colocar nas ruas de Bissau um "aparatoso dispositivo de segurança".

"Isso desmotivou os nossos militantes. Mas conseguimos realizar o comício. Optámos por deixar cair a marcha para evitar problemas, pois se houvesse actos de violência a responsabilidade, em última análise, seria nossa", argumentou, para justificar a pouca adesão registada.

No final do comício, nas declarações aos jornalistas, Artur Sanhá reiterou que o PRS "ainda não tomou uma posição" em relação à auto-proclamação de Kumba Ialá como presidente, sendo essa a razão por que se refere ao ex-presidente como "candidato" às presidenciais de 19 de Junho.

"O Conselho Nacional do partido ainda não tomou uma posição sobre essa questão. Até lá, Kumba Ialá é candidato", afirmou o secretário-geral dos "renovadores", que assistiu, há uma semana, à auto-proclamação do ex-presidente.



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