sábado, abril 09, 2005

O regresso de Nino Vieira (08 Abr 2005)

1/5.Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 08 Abr 2005

«Nino» Vieira sem apoios expressos para candidatura presidencial

O ex-presidente guineense "Nino" Vieira afirmou hoje que nenhum partido político da Guiné-Bissau o contactou para o apoiar como candidato às eleições presidenciais de 19 de Junho, mas deixou no ar a possibilidade de se apresentar como independente.

"Não sou candidato até porque não tenho nenhum partido que me apoie e não fui contactado", respondeu Nino Vieira no final de um encontro com o presidente do Parlamento, Francisco Benante.

No entanto, quando questionado sobre se poderia apresentar-se como independente, o ex-presidente foi lacónico: "Quanto a isso não sei, não posso responder".

A propósito das presidenciais de 19 de Junho, "Nino" Vieira nada mais adiantou, limitando-se a confirmar que já se recenseou como eleitor (quinta-feira em Bissau Velho) e garantindo que estará presente em Bissau no dia da votação.

Rodeado sempre por uma multidão e pelos "seguranças" que o acompanham, o antigo presidente guineense apenas teve tempo para indicar que está "muito surpreendido" com a recepção que tem tido em Bissau, considerando-a "calorosa e amistosa" e afirmando-se por isso "muito feliz".

Fonte próxima de "Nino" Vieira, solicitando o anonimato, disse à Lusa ser provável que o antigo presidente não deposite a sua candidatura à votação durante a estada em Bissau, onde chegou quinta- feira à tarde e de onde parte sábado com destino a Conacri.

No entanto, a fonte admitiu a possibilidade de toda a documentação necessária para apresentar a candidatura no Supremo Tribunal de Justiça guineense estar pronta até 19 deste mês, último dia do prazo.

Ao longo da manhã de hoje, "Nino" Vieira manteve sucessivos encontros com diferentes personalidades, destacando-se as reuniões com os representantes em Bissau da ONU, União Europeia e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). O teor das conversações não foi divulgado.

Além do encontro com Francisco Benante, "Nino" Vieira tem prevista uma audiência com o chefe de Estado interino da Guiné-Bissau, Henrique Rosa, bem como um encontro "fraternal" com os "companheiros de armas" no Estado Maior-General das Forças Armadas.

Entretanto, Jorge Pinto, coordenador do "Grupo dos 30.000", movimento da sociedade civil à candidatura de "Nino" Vieira à presidência da República, indicou estar previsto para hoje um outro encontro com Kumba Ialá.

"Nino" Vieira e Kumba Ialá cruzaram-se hoje de manhã numa unidade hoteleira de Bissau, onde o primeiro está hospedado, e conversaram durante cerca de cinco minutos.

Tanto "Nino" Vieira como Kumba Ialá foram depostos na sequência de golpes de Estado militares, o primeiro na sequência do conflito militar de 98/99 e o segundo em Setembro de 2003.

"Nino" Vieira tem ainda previsto um encontro com embaixador de Portugal em Bissau, José Manuel Pais Moreira.

2/5.Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 08 Abr 2005

Governo condena «flagrante violação do espaço aéreo»

O governo guineense condenou hoje a forma como o ex-presidente "Nino" Vieira chegou quinta-feira ao país num helicóptero militar procedente da vizinha Guiné-Conacri, violando de "forma flagrante o espaço aéreo" da Guiné-Bissau.

Num comunicado de imprensa difundido após uma reunião de urgência do Conselho de Ministros hoje realizada em Bissau, o executivo de Carlos Gomes Júnior afirma que o "voo militar" que trouxe "Nino" Vieira a Bissau não tinha recebido "luz verde" das autoridades competentes.

Sem apontar nomes, o governo considera que houve "omissão de dever" das autoridades a que compete zelar pela segurança e ordem pública e anota, ainda, ter havido "cumplicidade" por parte de "entidades oficiais".

Na avaliação do executivo de Gomes Júnior, a aterragem do helicóptero primeiro no Estado 24 de Setembro e depois nas instalações da Marinha de Guerra, onde se mantém até agora, constitui uma violação do espaço aéreo guineense.

Devido a uma alegada decisão do governo de não autorizar que "Nino" Vieira regressasse ao país num voo comercial, o antigo presidente guineense chegou a Bissau num helicóptero da Força Aérea da Guiné-Conacri.

Pelo facto de, alegadamente, o aeroporto ter estado encerrado, "Nino" Vieira teve de aterrar no Estádio Nacional 24 de Setembro (dia da proclamação da independência em 1973).

A este propósito, "Nino" Vieira, numa curta declaração aos jornalistas após um encontro na sede das Nações Unidas, em Bissau, desdramatizou a questão.

"Como filho da Guiné-Bissau, até poderia ter vindo de submarino ou de piroga. Não tenho de escolher o meio de transporte para vir à minha própria Pátria", afirmou o ex-presidente guineense, sublinhando que o seu regresso a Bissau é uma "missão de paz" e que é isso que está a "explicar" à comunidade internacional.

No seu comunicado, o governo denuncia igualmente que o Estádio Nacional 24 de Setembro foi vandalizado pelos populares que aí afluíram para receber "Nino" Vieira.

A aterragem da aeronave militar constituiu, segundo o governo, uma violação do recinto público, "com a agravante" de ter havido casos de arrombamento no local, precisou o comunicado.

Por outro lado, diz-se ainda, a aterragem da aeronave no Estádio 24 de Setembro interrompeu os jogos escolares que estavam a decorrer naquele recinto desportivo.

O executivo acusa os organizadores do regresso de "Nino" Vieira de terem obstruído as vias públicas da capital guineense com as manifestações que organizaram nas principais artérias de Bissau.

Todas estas "situações insólitas" constituíram um "claro desrespeito pelos poderes públicos", sintetizou o governo, segundo o qual a manifestação pública que se seguiu à chegada de "Nino" Vieira e a circulação de viaturas nas ruas de Bissau devem ser averiguadas para a "responsabilização dos promotores".

3/5.Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 08 Abr 2005

Grupo de cidadãos exige julgamento de «Nino» Vieira

Um grupo de cidadãos guineenses auto-denominado "Amigos, filhos e familiares de vítimas do "Caso 17 de Outubro"" exigiu hoje que o Ministério Público (MP) abra "urgentemente" uma audição à "Nino" Vieira.

O grupo aponta "Nino" Vieira como suspeito principal do fuzilamento em 1985 de seis altos dirigentes do país - pais e familiares dos seus integrantes.

Acusados de tentativa de golpe de Estado para derrubar "Nino" Vieira, então presidente do Conselho de Estado (CS), seis altos dirigentes do país, todos com altas patentes militares, foram fuzilados em circunstâncias ainda não esclarecidas.

Nesse processo, que ficou conhecido no país como "Caso 17 de Outubro", - dia em que, alegadamente, deveria ocorrer a suposta tentativa de golpe - acabaram por ser fuzilados o coronel Paulo Correia, na altura primeiro vice- presidente do Conselho de Estado, órgão máximo da soberania da República, o jurista Paulo Correia, então Procurador- Geral da República (PGR), o coronel Braima Bangura e Pedro Ramos, ambos então ministros, o coronel Mbana Sambú e o Tenente Binhankeren Na Ntchanda, na altura um dos "guarda- costas" de "Nino" Vieira.

Dezenas de altos oficiais militares e elementos do então executivo foram presos em consequência deste "caso". O próprio actual Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (CEMGFA) guineense, Tagmé Na Waié, diz-se "vítima" deste "caso", embora tenha anunciado publicamente que perdoou aos seus "carrascos".

Pela voz de Tete Sambú e Emanuel Mohamed Ali Bangura, filhos de dois dos fuzilados, os coronéis Mbana Sambú e Braima Bangura, o grupo assegura que nada os move contra "Nino" Vieira, apenas reclamando que se faça "justiça".

"Os filhos, amigos e familiares de vítimas do dito "Caso 17 de Outubro de 1985È vêm pela presente clamar justiça nesta hora importante e inadiável de reconciliação nacional", afirmam os dois porta-vozes de cerca de uma centena de envolvidos na iniciativa.

Além de justiça, o grupo reclama igualmente que sejam reabilitadas as "pessoas torturadas de forma a reintegrá-las na sociedade guineense, dando-lhes a dignidade de verdadeiros combatentes da liberdade da Pátria".

Na sua grande maioria, os alegados implicados no "caso" pertenciam às fileiras do exército na altura, com estatuto de ®combatentes da liberdade¯ da Pátria.

Os dois porta-vozes do grupo pedem a "Nino" Vieira que lhes indique "com precisão" o local onde os "ditos implicados" foram enterrados após o fuzilamento.

Os familiares das vítimas do "Caso 17 de Outubro" pedem ainda que o antigo presidente guineense devolva ao Tribunal Militar Superior (TMS) os autos do processo que haviam sido requisitados pelo então Conselho de Estado.

Por último, reafirmam que os não move qualquer sentimento de "vingança ou de retaliação" contra os autores da "barbárie" contra os seus entes queridos.

4/5.Origem do documento: www.guine-bissau.com, 08 Abr 2005
Por: TOMÁS ATHIZAR MENDES PEREIRA

Koumba Yalá visita Nino Vieira

O ex-presidente da República que na semana passada foi escolhido como candidato do PRS para às próximas eleições presidenciais, visitou o igualmente o ex-Presidente da República, Nino Vieira, chegado a Bissau no dia 7 de Abril último. O encontro entre Koumba yalá e Nino Vieira, apanhou muitos de surpresa, mas foi entendido por analistas como uma prova real da vontade de reconciliação.

No encontro dos ex-Chefes Estado, não se conseguiu apurar aquilo que foi o tema central dos debates, mas os abraços e fotografias, sorrisos presenciados, mostram que o passado estava aparentemente esquecido.

Chegado ao Hotel onde Nino Vieira se residiu, Koumba Yalá era um homem de poucas palavras, manifestando apenas a sua vontade de ver aquele que para ele, continua a ser o único adversário político.

Tanto Yalá como Vieira recusaram prestar quaisquer declarações no final do encontro, mas os seus colaboradores, revelaram que abordaram a situação política do país e as futuras eleições. Relativamente a eleições, sabe-se ser incontornável vontade de Koumba Yalá concorrer a mais alta magistratura, mas relativamente a nino Vieira, tudo continua em segredo de Deuses.Nino Vieira e Koumba Yalá foram protagonistas da cena política nacional nos anos 90 tendo os dois encontrado na segunda volta das eleições presidenciais de 1994. Anos depois, Yalá constitui incomodo adversário para Nino Vieira, onde em comícios fazia graves denúncias contra a figura do então chefe do Estado.Essa postura influenciou no crescimento da popularidade de Yalá, que em 1998 antes do conflito, ameaçou formar um Governo, caso o então Chefe do Estado não convocasse às eleições.

Em 1998, houve conflito militar que ditou o afastamento de Nino Vieira do poder. Com a queda de nino Vieira, e logo após a sua chegada ao trono, Koumba Yalá disse que incitou a guerra. Seis anos depois, os dois decidiram reconciliar.

5/5. Origem do documento: www.guine-bissau.com, 08 Abr 2005
Por: TOMÁS ATHIZAR MENDES PEREIRA

Nino Vieira recebe a visita do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas

Mesmo contra a vontade do Governo, o regresso do ex-Presidente da República, João Bernardo Vieira “Nino”, constitui um passo importante, se não mesmo decisivo, para a tão almejada reconciliação entre os guineenses. Uma reconciliação que está encarada com uma seriedade da sociedade castrense que ao longo dos anos vivem em conflitos cíclicos – em que os seus homens só têm servido de carne para canhão.

A reconciliação ora iniciada, permitirá os guineenses sararem feridas profundas, provocadas por conflitos de que padece a sociedade guineense ao longo dos trinta anos da independência.

As Forças Armadas parecem estarem decididas a abraçar o processo, visto que logo após a chegada do ex-Presidente da República, Nino Vieira, o actual Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas - que desempenhou um papel decisivo na sua vinda, tiveram um encontro no Hotel 24 de Setembro. O que foi dito a sós não foi tornado público, mas constitui para qualquer guineense, um passo transcendente para a reconciliação da grande família guineense e o desenvolvimento da Guiné-Bissau.

Estamos em crer que este encontro vem demonstrar que os guineenses aprenderam que as guerras intestinais que se vêm desenvolvendo ao longo dos anos, não nos levam a lado nenhum, senão prejudicar a nós mesmos e comprometer o futuro da Guiné-Bissau, mormente dos seus filhos.

Nino Vieira e Tagme Na Waie eram homens da mesma trincheira durante o processo da Luta de Libertação Nacional e pós-independência, o “caso 17 de Outubro” catapultou-os para campos opostos. Mas o recente gesto vem demonstrar que, quando com a boa vontade, tudo é possível. São os homens que fazem a guerra e, consequentemente, são os mesmos que fazem a paz!

A sós, Nino Vieira e Tagme Na Waye parecem ter abordado questões ligadas ao passado “tenso” em termos de relacionamento das duas figuras, e ficou, decidido, que o importante neste momento é olhar para à frente e esquecer as querelas que foram internas.

Tagme Na Waye que desde da sua chegada à liderança do Estado-Maior-General, não obstante fortes contestações que foi alvo, continuou a promover acções com vista a aproximação dos militares. No mesmo dia que encontrou com Nino Vieira, manteve igualmente um outro encontro com o ex-vice-Chefe do Estado-Maior, o Coronel Afonso Té, que veio no mesmo helicóptero com o ex-Presidente da República. Tagme Na Waye e Afonso Té, foram duas figuras opostas, uma vez que um comandava o flanco esquerdo da Junta Militar, enquanto o outro coordenava as acções de guerra, pela parte governamental.



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