terça-feira, abril 19, 2005

Nino Vieira formalizou candidatura

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 19 Abr 2005

«Nino» Vieira foi o último a formalizar candidatura
O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Guiné-Bissau recebeu 21 candidaturas às eleições presidenciais de 19 de Junho próximo, a última das quais a do ex-presidente João Bernardo "Nino" Vieira.

À última hora, e no último dia do prazo, dois novos candidatos entregaram a documentação no STJ: o secretário-geral do Partido Democrático Social Guineense (PDSG), Úmaro Demba Jamanca, e o independente Augusto Pedro Figueiredo da Silva, que afirmou representar a juventude da Guiné-Bissau.

A candidatura foi entregue ao vice-presidente do STJ, Paulo Sanhá, por Hélder Proença, membro da Comissão Permanente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder), força política que apoia Malam Bacai Sanhá às presidenciais, e mandatário de "Nino" Vieira.

Após o acto de entrega, que ocorreu na mesma altura em que o novo governo tomava posse, numa cerimónia que foi atrasada um hora, Hélder Proença lembrou que "Nino" Vieira é um candidato "independente" e leu, sem mais comentários, uma carta do ex-presidente guineense.

Na missiva, "Nino" Vieira, presidente entre 1980 e 1998, indica que a sua "única motivação" ao concorrer às presidenciais é dar a sua "modesta contribuição" para a consolidação da paz e estabilidade no país e para a credibilidade interna e externa da Guiné-Bissau.

"É nesta perspectiva que, na minha qualidade de Combatente de Liberdade da Pátria, e após a auscultação da minha família, dos meus camaradas de trincheira e daqueles que durante estes últimos anos partilharam comigo os valores e os ideais humanistas da democracia e do desenvolvimento, decidi aceitar a proposta de candidatar-me, mais uma vez, à Magistratura Suprema da Nação guineense", afirmou.

Sublinhando ter ficado "profundamente marcado" pela forma "singular" como foi recebido durante os três dias que esteve em Bissau, de 07 a 09 deste mês, "Nino" Vieira lembrou que o seu regresso, após seis anos de exílio em Portugal, é uma "cedência" ao convite feito por "30.000 cidadãos guineenses".

"Após prolongada e forçada ausência, e cedendo ao convite de mais de 30.000 cidadãos, apoiado pela Comissão Parlamentar de Reconciliação Nacional, decidi regressar ao meu país para participar no seu processo de pacificação e de reconciliação dos guineenses", frisou.

Nesse sentido, argumentou que a sua vinda a Bissau lhe permitiu reforçar a convicção de que o único caminho para o reencontro dos guineenses é o de "perdão mútuo e de coragem".

Apelou, por outro lado, ao apoio de todos ao projecto "nobre" de criar condições de estabilidade política, paz social e unidade nacional, para que o país reencontre o caminho do desenvolvimento socio-económico e da prosperidade.

"Militando a favor deste objectivo patriótico, estaremos a dar uma contribuição decisiva para a viragem da página do ódio, do rancor e do revanchismo, inaugurando assim uma nova era de convivência fraterna entre os guineenses", defendeu.

"Ao mesmo tempo, estaremos a cimentar a cultura dos valores do diálogo e tolerância de que os guineenses necessitam para edificar na Pátria de Amílcar Cabral as bases de um progresso durável, do bem- estar e da felicidade para todos os filhos da Guiné-Bissau", concluiu.

Além de "Nino" Vieira, formalizaram hoje as candidaturas no STJ o vice-presidente do Partido Democrático Social da Guiné-Bissau (PDSG), Úmaro Demba Jamanca, o presidente do Partido do Progresso da Guiné- Bissau (PPG), João Tátis Sá, e o jovem independente Augusto Pedro Figueiredo da Silva.

Este último, nas declarações à imprensa, afirmou que, se for eleito, promoverá um referendo no país sobre a reintrodução da pena de morte, abolida em 1986, para julgar "criminosos e corruptos", indicando que, entre eles, figuram "Nino" Vieira e Kumba Ialá.

O STJ tem agora entre sete e dez dias para analisar e validar as 21 candidaturas, que, a serem aprovadas, serão julgadas pelos cerca de 600.000 eleitores guineenses.



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