segunda-feira, abril 11, 2005

Kumba Ialá formalizou a candidatura

Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 11 Abr 2005

Kumba Ialá formaliza candidatura no Supremo Tribunal

O ex-presidente guineense Kumba Ialá formalizou hoje a sua candidatura no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) às presidenciais de Junho e afirmou que o seu único adversário "seria" outro ex-chefe de Estado, deixando entender que "Nino" Vieira não concorrerá.

"Sempre dissemos que o único adversário que poderíamos ter nestas eleições era o general «Nino» Vieira. De resto, não há nenhum adversário à nossa candidatura", afirmou Kumba Ialá, deposto no golpe de Estado de Setembro de 2003, sem adiantar pormenores.

O tempo verbal usado por Kumba Ialá, no passado, adensa as dúvidas quanto a uma eventual candidatura do ex-chefe de Estado deposto em 1999.

Até à semana passada, Kumba Ialá, sempre que falava de potenciais adversários no embate eleitoral de 19 de Junho, elegia sempre o nome do general "Nino" Vieira, no presente, como único homem capaz de lhe fazer "mossa".

Os dois ex-presidentes estiveram juntos sábado último na residência de Kumba Ialá, no âmbito da visita que "Nino" Vieira efectuou durante três dias à Guiné-Bissau.

à saída da residência particular de Ialá, onde conversaram durante cerca de 45 minutos, os dois ex-presidentes afirmaram-se dispostos a apoiar-se, no caso de um deles avançar para a corrida eleitoral.

à saída da sala onde decorreu a cerimónia, muito breve, Kumba Ialá disse aos jornalistas que não vê nenhuma razão para que o STJ recuse a sua candidatura.

Ao ser-lhe perguntado se espera obter uma resposta favorável do STJ em relação ao processo de impugnação do seu acto de renúncia, assinado após o golpe de Estado que o afastou do poder, Kumba Ialá respondeu que só conta com esse desfecho.

"Não há nada que possa impedir a minha candidatura. Não existe um mínimo obstáculo. Falo como jurista e conheço as leis", afirmou Ialá, rodeado de destacados dirigentes do Partido da Renovação Social (PRS, líder da oposição), formação política de que é fundador e que o apoia.

O ex-presidente guineense, através de um colectivo de advogados locais, aguarda uma resposta do Tribunal Regional de Bissau (TRB) ao pedido de impugnação do acto de renúncia, que continua a considerar "ilegal" porque, sustenta, foi assinada fora do local de trabalho e sob "coacção" dos militares protagonistas do golpe.

"A renúncia não se faz fora do gabinete de serviço e 48 horas depois de alguém (o falecido general Veríssimo Seabra, líder do golpe de Estado) ter assumido a presidência da República", frisou Kumba Ialá.

Momentos antes, Kumba Ialá depositara os documentos exigidos por lei para se apresentar às eleições presidenciais.

Acompanhado de cerca de meio milhar de pessoas, na sua maioria jovens apoiantes, e de um cortejo de cerca de duas dezenas de viaturas, Kumba Ialá apresentou-se perante o vice-presidente do STJ, Paulo Sanhá, a quem entregou a sua candidatura.

Alguns dos seus apoiantes empunhavam cartazes com inscrições em que as Nações unidas, União Europeia e Portugal eram acusados de, "no mundo civilizado", apoiarem golpes de estado.

"Nações Unidas, UE e Portugal no mundo civilizado não devem legalizar golpe de estado", lia-se num cartaz empunhado por um dos manifestantes.

O PRS tem criticado Portugal, a ONU e a UE, acusando-os de terem legitimado o derrube "ilegal" de Kumba Ialá.

Entretanto, o juiz conselheiro e vice-presidente do STJ, Paulo Sanhá, disse aos jornalistas que a candidatura de Kumba Ialá vai ser apreciada "à luz das leis do país", escusando-se a entrar em pormenores sobre o assunto.

Segundo a Lei Eleitoral, os concorrentes às presidenciais deverão formalizar as respectivas candidaturas no STJ até 60 dias antes da votação, pelo que o prazo termina a 19 deste mês.

Até hoje, apenas dois candidatos as formalizaram - Kumba Ialá (apoiado pelo PRS) e Francisco Fadul (apoiado pela formação de que é presidente, o Partido Unido Social-Democrata - PUSD).

Para terça-feira está prevista a entrega da candidatura do embaixador Mário Lopes da Rosa, mais conhecido no país por "Maruca", primeiro de uma lista de "independentes" candidatos ao escrutínio de 19 de Junho.

"Maruca", embaixador de carreira, tem como porta-voz da campanha e mandatário para a juventude o jornalista António Aly Silva, que havia manifestado a intenção de se apresentar às presidenciais, tendo "abdicado" a favor de Mário Lopes da Rosa.

Mais de dezena e meia de personalidades políticas de vários quadrantes e alguns independentes manifestaram já a intenção de concorrer à votação, desconhecendo-se ainda se "Nino" Vieira avançará também.



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