sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Deputados votam primeiro orçamento do Parlamento, só depois o do Estado

1. Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 03 Fev 2005

Deputados votam primeiro orçamento do parlamento, só depois o OGE

Os deputados guineenses decidiram hoje discutir e votar primeiro o orçamento da própria Assembleia Nacional Popular (ANP), defendendo que, só depois, haverá condições para fazer o mesmo em relação ao Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2005.

A decisão foi tomada pela maioria dos parlamentares após a apresentação do OGE feita pelo primeiro-ministro guineense, Carlos Gomes Júnior, também líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que abriu os trabalhos do parlamento, reunido extraordinariamente até domingo.

Na ocasião, Carlos Gomes Júnior apelou ao bom senso dos parlamentares e explicou-lhes as linhas mestras do orçamento para o ano em curso, sublinhando a necessidade de os interesses nacionais se sobreporem aos partidários.

No entanto, no final, uma moção apresentada pelo Partido da Renovação Social (PRS, o maior da oposição) levou a que a discussão do OGE fosse adiada para sexta-feira ou sábado, tudo dependendo da evolução da análise do orçamento da ANP.

Segundo o projecto de orçamento para o parlamento, elaborado pelo Conselho de Administração da ANP e a que a Agência Lusa teve acesso, o montante global ascende a 1.497 milhões de francos CFA (2,28 milhões de euros).

Este valor é inferior em 22,62 por cento ao último orçamento apresentado pelo governo, que remonta a 2002 e que nunca chegou a ser concluído, em virtude de, em Novembro desse ano, o então presidente guineense Kumba Ialá ter dissolvido a assembleia e demitido o governo.

Em 2003, apenas funcionou a Comissão Permanente e, a 14 de Setembro desse ano, registou-se o golpe de Estado que levou à destituição de Kumba Ialá, sendo então criado o Comité Nacional de Transição (CNT), que exerceu as funções de um Parlamento até às legislativas de Março de 2004.

O CNT foi extinto a 08 de Maio de 2004, após a tomada de posse dos novos deputados, distribuídos por três partidos e duas coligações, que, desde então, têm sido pagos avulsamente e sem um orçamento definido.

Segundo o projecto de orçamento, que os diferentes partidos deverão, em princípio, aprovar, 77 por cento do montante global destinam-se às despesas com o pessoal, menos 13,23 por cento do que no apresentado em 2002.

O orçamento para o parlamento divide-se, depois, em dois outros itens, a "Aquisição de Bens e Serviços", que representa 6 por cento do total, e as "Transferências Correntes", com 17 por cento.

No projecto de orçamento, o Conselho de Administração do parlamento optou por não incluir as despesas relacionadas com as dívidas contraídas por este órgão de soberania, no valor de 2.538 milhões de francos CFA (3,87 milhões de euros).

As dívidas estão relacionadas com o atraso no pagamento de salários aos deputados, no valor de 1.843 milhões de francos CFA (2,81 milhões de euros), com o próprio funcionamento da Assembleia, no valor de 695 milhões de francos CFA (1,06 milhões de euros).

Entre as transferências para os diferentes órgãos que dependem da ANP, a maior verba destina-se à Comissão Nacional de Eleições (CNE), que recebe 101,5 milhões de francos CFA (155 mil euros), e a Inspecção Superior Contra a Corrupção (ISCC), dotada com 41 milhões de francos CFA (62,6 mil euros).

O Conselho Nacional de Comunicação Social (CNCS) recebe 9,5 milhões de francos CFA (12,5 mil euros).

Os partidos com assento parlamentar recebem 100 milhões de francos CFA (152,6 mil euros), os grupos parlamentares terão direito a 35 milhões de francos CFA (53,4 mil euros) e o Parlamento Infantil tem uma dotação de dois milhões de francos (três mil euros).

No parlamento, o PAIGC conta com 45 deputados, seguido pelo PRS, com 35, Partido Unido Social-Democrata (PUSD), 17, e pelas coligações União Eleitoral (UE), com dois, e Aliança Popular Unida (APU), com apenas um.

2. Origem do documento: www.noticiaslusofonas.com, 03 Fev 2005

Aprovado orçamento da assembleia, OGE discute-se sexta-feira

Os deputados guineenses aprovaram hoje o orçamento de funcionamento do Parlamento em 2005, no valor de 1.400 milhões de francos CFA (2,28 milhões de euros), remetendo para sexta- feira os debates da proposta do Orçamento Geral de Estado (OGE).

Com 78 votos a favor e apenas uma abstenção, a proposta do orçamento da Assembleia Nacional Popular (ANP), apresentado em nome do governo pelo Conselho de Administração do parlamento, não teve dificuldades em merecer a aprovação dos deputados.

No entanto, os parlamentares recomendaram ao governo a disponibilização trimestral dos fundos, de forma a permitir o funcionamento dos órgãos internos do parlamento, nomeadamente as comissões especializadas e de acompanhamento das acções do executivo.

O início dos debates da proposta do OGE, hoje apresentado pelo primeiro-ministro guineense, Carlos Gomes Júnior, foi remetido para sexta-feira, discussões que se prolongarão pelo menos até domingo.

Nenhuma das bancadas parlamentares da oposição manifestou uma tomada de posição em relação à aprovação do orçamento, para o qual Carlos Gomes Júnior pediu "ponderação e bom senso" na discussão, solicitando também a aceitação dos interesses nacionais em detrimento dos partidários.

Apenas o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder e maioritário no parlamento) disse estar pronto para aprovar o documento, para o que é necessário metade mais um dos votos dos 100 parlamentares que integram a ANP.

O PAIGC conta com 45, pelo que necessita da aprovação de seis outros parlamentares.

À saída da sessão de hoje, o ministro da Presidência do Conselho de Ministros, da Comunicação Social e dos Assuntos Parlamentares guineense, Filomeno Lobo de Pina, afirmou à Agência Lusa ser "fundamental" que o OGE seja aprovado nos próximos dias.

"O governo espera que os senhores deputados tenham a consciência da importância da aprovação deste orçamento antes do dia 11" deste mês, afirmou Lobo de Pina, também o porta-voz do executivo.

Segundo o governante, há toda necessidade de o país ter o documento pronto para ser submetido à apreciação dos doadores na "mini" mesa-redonda sobre a Guiné-Bissau, cujo início está previsto para aquele mesmo dia em Lisboa.

Nesse encontro na capital portuguesa, o governo de Bissau espera obter fundos na ordem de 17.000 milhões de francos CFA (26 milhões de euros) para a cobertura de parte do défice orçamental global, estimado em cerca de 42.000 milhões de francos CFA (64,1 milhões de euros).

Segundo disse à Lusa o ministro da Economia e Finanças guineense, João Fadiah, o orçamento tem esse défice global, mas não contabiliza os empréstimos e as doações dos parceiros internacionais, que permitem reduzi-lo para os 17.000 milhões de francos CFA.

Também em declarações à Lusa, o secretário de Estado do Tesouro, Orçamento e Assuntos Fiscais guineense, Francisco Correia, frisou a importância da aprovação do OGE, que dará ao governo "bases sólidas" para poder submeter o documento aos doadores na reunião de Lisboa.

O total do Orçamento Geral do Estado (OGE) para o ano em curso é de 71.535 milhões de francos CFA (109,1 milhões de euros).



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